Iniciação ao Paisagismo.

Pré juvenil e já com a certeza de que não poderia fugir da área de criação e arte, comecei a projetar, ainda escondido dos amigos e parentes - menos de meus pais, que sempre me apoiaram desde que não abandonasse os estudos - a criar arranjos de flores.

Havia uma floricultura perto de casa, que eu sempre visitava para tentar me aproximar mais da natureza, mas nunca tive a oportunidade de trabalhar lá, porque era uma empresa familiar e eu era só mais um curioso enchendo de perguntas os proprietários, pois, na época, não tinha muita literatura e ensino sobre esse assunto.

Como meu pai sempre foi da roça, tinha chácaras de verdura e fazíamos feira, o pouco que sabia era da experiência que ele passava em atos e palavras. Minha grande escola.

Até meus dezoitos anos, tentei trabalhar em outras áreas, mas não conseguia seguir, porque sempre fui apaixonado pela natureza e arte.

Na maioridade, depois de ter, obrigatoriamente, servido o serviço militar, tentei prestar vestibular para Engenharia Agronômica na ESALQ, universidade estadual - porque as outras eram pagas e fora da capital, São Paulo. Esse curso era muito concorrido e eu não tive tempo para me preparar, porque já trabalhava.

Não entrando no curso de agronomia, prestei Economia numa renomada faculdade de São Paulo, como era de costume para todos os cidadãos de classe média do meu meio. Iniciei o curso.

Mesmo puxado, com trabalho e estudos universitários, conseguia conciliar tranquilamente. No entanto, infelizmente, ou melhor, felizmente, a empresa que trabalhava fechou e me dispensou. Fiquei, como orgulhoso que sou, sem rumo e sem dinheiro suficiente para bancar os estudos e a vida.

Meu pai, já aposentado, tinha uma área onde era a chácara de verdura e, como xodó, não pretendia vender. Numa conversa com ele, contei meu projeto de vida, que sempre sonhei realizar. Com experiência e sabedoria, ele me questionou muito até eu ficar um pouco chateado - como todos os filhos jovens, com raras exceções, costumam agir.

Passado um tempo, ele me chamou, junto com meu irmão, e propôs que usássemos o terreno, que estava alugado para uns portugueses que trabalhavam com vendas de plantas ornamentais, já que o casal lusitano tinha que rescindir o contrato porque iria retornar a Portugal.

Não pensei duas vezes, abracei com muito carinho meu pai e meu irmão e, na mesma semana, saí para me atualizar mais em cursos e livros na área de jardinagem.

Dois meses depois, estávamos lá com um monte de flores e dúvidas.

Continuei o curso de Economia até o segundo ano e foi lá que aprendi que a melhor economia é parar de fazer um curso que não está em você.

Zé Paulo